Eu deixei de assistir a TV aberta já faz alguns anos.
Sempre que leio matérias sobre um assassinato, sei, antes que me digam, qual a cor da vítima. Há uma intenção na escolha das palavras dos grandes veículos, que tentam te convencer que, quando o corpo é negro, assassinato deve ser tratado como algo natural e, obviamente, não é.
Usarei os[ ] para grifar minha opinião.
Segundo o UOL, na matéria George Floyd:
“FBI investiga morte [ leia: assassinato] em Minneapolis; vídeo filmado por testemunha mostra George Floyd, de 40 anos, imobilizado no chão [atacado de forma covarde], dizendo ‘não consigo respirar’, enquanto policial mantém joelho
sobre seu pescoço” [asfixiando o homem até matá-lo]
No caso João Pedro, garoto assassinado no Rio de Janeiro, o G1 diz:
“O laudo cadavérico de João Pedro Mattos, de 14 anos, morto [assassinado] em uma operação no Salgueiro, em São Gonçalo, no dia 18 de maio, indica [mostra. Laudos em geral concluem coisas] que ele foi atingido por um único [“um único” parece atenuar a ação covarde dos policiais] disparo nas costas. O tiro acertou a parte posterior das costas, na altura das costelas, do lado direito.
Eles sabem o que estão fazendo… RACISTAS!
A escolha destas palavras com o intuito de narrar um fato, para quem trabalha exclusivamente com elas, não pode ser vista como uma “coincidência semântica”.
A lógica presente neste textos é racista. Os torna cúmplices e, como se não fosse o bastante, vis ao explorar a miséria em troca de cliques. Pouco importa a notícia em si desde que a audiência seja intensa.
Emerson Leandro Silva é Relações Públicas, Social Media, empreendedor e produz conteúdo diário em seu perfil no Instagram sobre vendas, marketing digital, mídias sociais, produtividade e mindset.