São relativamente raros os momentos em que as Forças Armadas, na figura do Exército, Marinha e Aeronáutica, são destaques na mídia. Em geral, momentos de crise de segurança, acidentes aéreos, trazem ao debate a atuação das forças militares do país.

Fora isso, à exceção do alistamento militar obrigatório, a maior parte da sociedade brasileira pouco convive ou se interessa pelo papel e organização das Forças Armadas.

 

Afinal de contas, qual o papel da Força Aérea Brasileira (FAB), do Exército (EB) e da Marinha?

Na Constituição Federal, CAPÍTULO II – DAS FORÇAS ARMADAS, “Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.”

Assim sendo, as Forças Armadas cumprem o papel fundamental de garantir, em caso de ameaça estrangeira (defesa da pátria) ou deterioração civil-social extrema (garantia da lei e da ordem e dos poderes constitucionais), a segurança da república, dos seus cidadãos e a ordem constitucional vigente.

 

República verde-oliva brasileira

Segundo matéria veiculada no site Poder360, o número de integrantes das Forças Armadas cedidos a órgãos da administração federal aumentou 43% de 2018 a 2019. Hoje, o total de militares do Exército, Marinha e Aeronáutica é de algo em torno de 2.897.

O Exército tem a maior quantidade de militares 1.595, seguido da Marinha (680) e da Aeronáutica (622). De julho de 2019 – primeiros 6 meses do governo Bolsonaro – até fevereiro de 2020, o número de integrantes do Exército no governo aumentou em 65%.

Os quadros do Exército incluem os ministros Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), os 2 generais 4 estrelas da ativa. Nas 3 Forças, nesse contexto não está incluído o pessoal da reserva.

De uma só canetada nove militares são nomeados para cargos no Ministério da Saúde

Na terça-feira 19/05, o Ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, nomeou mais nove militares para cargos de terceiro e quarto escalões na pasta e apontou o Coronel Antonio Élcio Franco Filho, atual secretário-executivo adjunto, como seu número dois durante a interinidade.

Diante desse quadro, podemos avaliar como o governo Bolsonaro se apoia nas Forças Armadas para tocar o dia-a-dia na administração da nação, para além dos oficiais que controlam 9 dos atuais 22 ministérios.

O presidente militarizou o 1º escalão do governo. O corpo técnico dos ministérios passou para as mãos do pessoal da caserna, de maneira quase automática. Muito pela dificuldade de nomes mais técnicos entre os apoiadores de Bolsonaro.

Em agosto de 2019, a Esplanada tinha 6 ministros vindos da carreira militar. Na época, o número de oficiais e graduados da ativa cedidos pelo Exército chegava a 962. Houve crescimento exponencial nos últimos 7 meses, portanto.

Ainda há o pessoal da reserva espalhado por secretarias de ministérios – como na SENASP, da Justiça, Petrobras e Dataprev. Se o governo anterior aparelhou a Esplanada com sindicalistas, o Capitão Bolsonaro faz o mesmo agora com militares, de preferência do Exército Brasileiro, de onde saiu para ingressar na política.

Seguindo essa tendência de militares na vida pública militares foram eleitos senadores, deputados federais e deputados estaduais nas últimas eleições de 1998.

Aos poucos estamos sendo sitiados agora de uma forma organizada, e com apoio de saudosistas e militantes virtuais que falam da vontade de ver as forças armadas no poder, com o presidente usando farda, a exemplo de algumas republiquetas de terceiro mundo.

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