Após o período eleitoral, onde foi detectado um grande movimento de candidatos e apoiadores, os números de infectados e mortos começou a subir novamente no país, depois de algumas semanas em queda. Bem verdade que problema na divulgação de dados no início do mês contribuiu, mas a sensação de que a COVID “acabou” levou muita gente a ocupar e aglomerar em espaços públicos, abertos ou não. A mistura de praias lotadas e agendas públicas eleitorais, aliada ao afrouxamento de medidas para a retomada econômica, foi o grande caldo que culminou no aumento dos números.

Se para alguns já era previsto ter uma segunda onda com base no que é visto no continente europeu atualmente, para a grande maioria a conta veio alta demais. Mesmo com o 2º Turno da campanha eleitoral rolando em algumas cidades, o expressivo número de casos põem as autoridades em alerta. Por mais que, em diversos meios, se queira alegar a não existência de um outro momento da pandemia (uma vez que não saímos ainda da primeira onda), a cautela se faz presente. E nessa “bateção de cabeça”, vários estados colecionam altas nos casos ativos e das internações nas últimas semanas.

Dando um tempo

Após atingir, no início do mês, baixas taxas de mortes, o país presencia o que alguns denominam de “repiques” ou, melhor dizendo, pequenos picos ou indícios de altas e uma grande ocupação nas UTIs, levando o poder público a reativar leitos. Antes negando a realidade com posturas autoritárias e populistas, o atual presidente, mesmo de forma atabalhoada, admite enfrentar uma segunda onda, com algumas ressalvas o que pode ser conferido em suas bravatas costumeiras.

Para além das “frases de efeito” do mandatário, o país não se preparou com brevidade para a chegada das vacinas, nem mesmo existe um planejamento logístico capaz de garantir que todos serão imunizados igualmente. Só para termos a noção exata da gravidade, foi detectada a insuficiência de seringas, algo que é tão básico para que a imunização ocorra. Para piorar a situação, vemos a Rússia e a Inglaterra se adiantarem neste processo. Enquanto isso, nós nos escondemos, com nossas máscaras, da temida segunda onda, tão dilacerante e tão certeira, esperando que idosos e profissionais da saúde possam ser os primeiros a receberem as doses da vacina.

Fratricídio

Quis o destino que o atual presidente, sem fazer o mínimo esforço para armar a população, pudesse matar tanta gente no país. Matou não com armas, mas sim com a negligência, pormenorizando e, as vezes, negando a situação de pandemia. Com a promessa de não renovar o auxílio emergencial, outras mortes virão. O desemprego, que se apresenta com taxas tão altas, vai ser estratosférico, assim como o preço dos alimentos nas prateleiras dos supermercados.

E, assim, fechamos 2020 da forma como “não entramos” e entraremos 2021 sem réveillon e carnaval, graças a soma de todas as tragédias e desobediências que culminou neste fratricídio. O ano novo será usado para contar o rescaldo da COVID e lamentar pelos que se foram. Na Saramandaia Real que se tornou o Brasil, descobrimos este ano que é possível matar o outro por negligência e negacionismo, tristes tempos.

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