Com a grandeza de um príncipe etíope, mesmo sendo um iritrieense ( natural da Eritreia), Tedros Adhanom Ghebreyesus é um dos poucos a se preocupar, de fato, com a grave situação da saúde pública no mundo, causada pela pandemia do Novo Coronavírus. Suas palavras e lágrimas, vistas na última coletiva, que aconteceu na quinta passada (09), mostra que pouco se avançou em relação às políticas públicas de enfrentamento a COVID 19 no mundo.

Em suas palavras, no desabafo mais comovente que já foi visto em todo o período de alerta máximo, Tedros chegou a conclusão de que a grande ameaça não é mais o vírus, mas sim “a grande falta de liderança e solidariedade em níveis globais e nacionais”. Essas palavras traduzem a importância de alguém que coloque os interesses globais e coletivos acima do que é almejado por cada país. Apesar de ser necessário que haja uma abertura econômica bem estruturada, sem que surja uma nova onda de contágio, as nações devem se preocupar em salvar vidas,pois são elas que mantém, financeiramente, um estado forte por meio de impostos.

As lágrimas que saíram dos olhos do representante da OMS (Organização Mundial da Saúde), são a síntese de um mundo em estado terminal, que possui 12 milhões de pessoas contaminadas e 550 mil mortos.

Esforços para um mundo melhor x Defesa de Interesses

Desde o início do ano, os esforços empregados por Tedros Adhanom Ghebreyesus são dignos de um Prêmio Nobel da Paz. Formado em Biologia e doutor em saúde comunitária, Tedros tem se dedicado arduamente a alertar os países na tomada das políticas de prevenção e testagens em massa. Neste sentido, o continente americano tem sido a grande preocupação da OMS no momento com os Estados Unidos e o Brasil representando, juntos, mais da metade do número de casos.

A insensibilidade dos governantes dos dois países, que são a simbiose de uma hegemonia conservadora ultrapassada e falida em sua estrutura, colocam em risco a população, sobretudo os mais pobres. Diferente dos estadunidenses, que não possuem um sistema de saúde pública, o Brasil conta com uma ampla rede de atendimento à população, mas com uma limitação de leitos clínicos e de UTI que podem revelar o colapso nos próximos dias em alguns estados, caso haja uma superlotação dos hospitais.

Indiferente aos apelos da OMS, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já anunciou o processo de saída do órgão, que é ligado a ONU, alegando má administração da crise e a subordinação da direção ao governo chinês. O atual presidente do Brasil também já cogitou a mesma possibilidade. Neste sentido, o que se vê é uma defesa de egos e de interesses hegemônicos diante de uma crise sanitária, em detrimento aos interesses coletivos de enfrentamento ao problema. As duas nações estão na lista de turistas que tiveram sua entrada restrita a alguns países da Europa.

E aí cabe a reflexão, diante do exemplo visto durante estes dias, para entendermos o porquê das lágrimas de Tedros Adhanom em meio ao descontrole do contágio, principal causa da falta de união entre os países. Entre infectados e mortos, o esforço e a preocupação do diretor geral da OMS, mesmo frente a tantas imprecisões de estudos e relatórios feitos pelo órgão, se nota sob a forma de cobranças necessárias quanto às políticas de saúde adotadas para que a curva de contágio seja achatada a tempo de encontrar uma vacina, um antídoto que imunize a população mundial. Do contrário, toda a força e energia empregadas seriam fontes de frustração para quem teve a responsabilidade de conduzir um processo sério na situação em que vivemos.

Entre o número de acometidos e de indiferentes ao que se vê no mundo, o ano de 2020 já consagrou Tedros Adhanom Ghebreyesus, o nosso incansável príncipe etíope nascido na Eritreia, digno de todas as láureas e honrarias por seus esforço e sua lágrima, empenhados na preocupação de ver o nosso planeta livre de uma catástrofe pandêmica.

E diante de tal esforço e da falta de união entre cidadãos e países, deixo o questionamento pontual do nosso verdadeiro líder “Por que é tão difícil para os humanos se unirem, para lutar contra o inimigo?”.

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