A trajetória de um poder caótico instalado e seus reflexos na desigualdade social e na pobreza.

Uma sociedade que é permeada pela perspectiva econômica neoliberal, a poesia passa longe. A política para pobre segue a teoria capitalista da reprodução das relações de poder, promovendo assim a extinção dos menos abastados. Leia-se extinção aqui como a anulação em diversas áreas.

Esse desgoverno utiliza a política de negação da cultura e do acesso ao conhecimento que impede a ascensão dos pobres e, concomitantemente, o aumento da desigualdade social.

Sem emancipação de uma grande parcela da população, o governo segue criando raízes estruturantes, que coíbem a democracia, pois diluem a noção de pertencimento e de acesso ao próprio poder.

Mas como foi instalado o caos?

Inicia com a falta de união e senso de coletividade de um pensamento mais à esquerda. Na última eleição para presidente, as lideranças seguiram carreira solo e trilharam caminhos obscuros e sem poesia. Envolvidos na polarização e sem onde se apoiar tombaram o ex-ministro e a ex-ministra, em tese, os mais qualificados pelo que apresentaram. E no segundo momento, tombou o professor e sua estratégia de esperar a marolinha – naufragou. Os demais pretensiosos sucumbiram, pois não acreditaram nas pesquisas e no poder das mídias.

Então, as diversas trajetórias dos gestores e suas vitorias nas urnas passam pela emancipação, senão não há solução, a base continuará na base. E para emancipar um pouco de arte… vamos relembrar o poeta Castro Alves. Sua poesia permanece atual e nos encanta como nos versos de:

 

Quem dá aos pobres, empresta a Deus

“EU, QUE A POBREZA de meus pobres cantos

[…] E hoje o que resta dos heróis gigantes? …

Aqui – os filhos que vos pedem pão…

Além – a ossada, que branqueia a lua,

Do vasto pampa no funéreo chão.

 

Mas, já que as águias lá no sul tombaram

E os filhos d’águias o Poder esquece…

É grande, é nobre, é gigantesco. É santo!…

Lançai – a esmola, e colhereis – a prece!…

Oh! daí a esmola… que, do infante lindo

Por entre os dedos da pequena mão,

Ela transborda… e vai cair nas tumbas

Do vasto pampa no funéreo chão.”

(ALVES, Castro. 1867)

 

E no trocadilho pobre Brasil de um Brasil pobre nem sempre terá arte e poesia, mas sempre terá a velha política que não dá aos pobres e muito menos empresta a Deus. A extrema direita não venceu e se instalou, foi à extrema esquerda que perdeu.

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