O Fantástico no último domingo (03) mostrou o descalabro no litoral brasileiro que será, nos próximos dias, vetores potenciais da COVID 19. Centenas e milhares de pessoas festejaram a passagem de ano nas praias, se aglomerando em festas clandestinas que aconteciam. Só aqui na Bahia, a Polícia Militar debelou mais de 500 eventos em bares, restaurantes e casas de alto padrão. Uma dessas festas aconteceu em Trancoso, na casa de Elba Ramalho, locada por um empresário paulista que saiu antes do período a ser cumprido, atraindo vários passantes entre turistas e nativos.

Assim como na Bahia, em diversos lugares do Brasil, foi constatado festas clandestinas entre outras que infringiram protocolos, atingindo além da capacidade máxima permitida. Localidades como Trancoso, Arraial D’Ajuda, Caraíva, São Miguel do Gostoso e outras pequenas vilas espalhadas pelo vasto litoral brasileiro, inflaram suas populações visando a saúde econômica, lugares estes que não possuem estrutura hospitalar para atender uma grande demanda populacional e que contribuirão, inevitavelmente, para o caos no sistema de saúde.

Devido às aglomerações ocorridas nestas localidades de sol e mar, teremos a promessa de um janeiro fatídico, com casos e mortes aumentando exponencialmente. Veremos um verão triste em um país que apertou o f… para a pandemia. Assim aconteceu também no verão europeu, nas férias do meio de ano, quando milhares aportaram no litoral espanhol, com a falsa impressão de um cenário epidêmico controlado, deu no que deu e agora boa parte dos países fecharam cidades e fronteiras.

Da Caverna para a Cova

Uma matéria postada no site da BBC esta semana, mostrou que turistas ingleses encontraram no Brasil o momento ideal para fugir do lockdown imposto pelo premier Boris Johnson. Identificados com nomes fictícios na reportagem, os britânicos destacaram um cenário sem lei. Um deles, hospedado em Trancoso, relatou que os brasileiros não usavam máscaras nas vias públicas.

No Instagram, a página @brasilfedecovid coletou e editou imagens de festas e outras aglomerações que aconteceram durante as festas de final do ano e em poucos dias de lançada já tem 280 publicações e mais de 260 mil seguidores. Entre os denunciados nas imagens, políticos, personalidades, artistas e influencers que, até então, defendiam, em suas lives, o isolamento social no auge da primeira onda. Veio a segunda onda e o viés econômico falou mais forte, bem como o personalismo típico daqueles que usam a desculpa da saúde mental afetada.

Os casos do influencer Carlinhos Maia e do jogador Neymar, que deram festas em casas de alto padrão, mostram que a falta de empatia pode extrapolar os limites da falta de noção, afinal de contas vivemos em uma realidade sombria onde os números crescem a olhos vistos.

O caos futuro

O que veremos, daqui para a frente, está no roteiro do caos. Será que os governantes, sobretudo aquele que nadou nas águas do Guarujá, acordarão de fato ou a população despertará para a realidade que nos revela concreta como nas previsões dos Simpsons? Assim veremos.

Durante o ano que passou, denunciamos, por vários textos, a falta de consciência coletiva da população brasileira, mais precisamente daqueles que se dizem cidadãos por meio de suas condições econômicas e sociais. Constatamos que, com muitos mortos e infectados no país, em meio a uma segunda onda mais letal, ainda não aprendemos absolutamente nada. Nunca, um fato de cunho sanitário, expôs e desnudou o país em suas vísceras colonialistas.

Será que viveremos tudo novamente para entender o que está acontecendo? O que podemos inferir é que ainda há um pouco de 2020 em 2021. Lamentavelmente, nas aglomerações e com 200 000 vidas perdidas no país, começamos mal.

 

 

 

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