Gente, vamos lá. As eleições de 2024 em Salvador, como a gente diz no palitinho, “nasceu morta”. Todos sabiam que Bruno Reis seria reeleito. A direita, em Salvador, tem tido desde a reeleição de Grampinho, mais de 70%. A última eleição acirrada foi contra Pelegrino, em 2012, quando ele venceu no segundo turno com 53%. Dito isto, o PT sabia que morreria nos 20% de novo. Então, cedeu ao aliado Geraldo, do MDB, a vaga na disputa. Mas a eleição que Geraldo pretende, não era de prefeito. E sim, a de Deputado Federal em 2026 (ou Senador). Exemplificando: lembram de Alice Portugal? Perdeu de lavada, recebeu só 193 mil votos e hoje segue Deputada Federal.

Eleição nem sempre é pra se ganhar. Às vezes é pra se apresentar para um outro cargo, em outras é pra marcar posição, se manter em evidência na mídia, ou até aumentar visibilidade pra seus outros negócios.

Das eleições de 2020 pra cá, houve um acréscimo de 570 mil novos votos válidos. Os votos da direita tiveram um crescimento de 3%. Saíram de 75% para 78% com Bruno unificando os votos dos bolsonaristas e do Pastor Isidoro. Aliás, o maior feito eleitoral de Bruno foi esconder que ele era o candidato de Bolsonaro em Salvador até na propaganda do partido dele, o PL.

Já a esquerda se dividiu. Grande parte não foi na onda de Geraldo, até porque a gente passou 8 anos chamando o MDB de golpista, e não tem como votar 15. Os votos do 13 foram pro 50 e turbinou a campanha de Kleber Rosa. Ainda assim, caiu de 24% para 23%. Destaque importante para as abstenções, que subiram de 181 mil para 461 mil.

E o PT, hein?

Em troca do apoio do PT à candidatura de Geraldo, o MDB segue na base governista. E os frutos já apareceram. Porque o Partido dos Trabalhadores tem o governo do maior estado do Nordeste como principal vitrine eleitoral nacional. E nesse ponto, os governistas têm o que comemorar. A base governista elegeu 309 prefeitos contra 107 da oposição. Em termos de Bahia, a surra é invertida. O governo vence com 74% o neocarlismo, e abre uma grande vantagem nas eleições de 2026. Sim, porque quem pensa em eleição somente de 4 em 4 anos, é eleitor. Político está sempre em campanha.

Um outro movimento das pedras tectônicas da política baiana foi a troca do PP, de João Leão, pelo MDB dos Geddels, nas eleições de 2022. Leão saiu do governo e foi para os braços de Neto. O MDB saiu da prefeitura para as bênçãos de Jerônimo. E pelo jeito, todo mundo saiu ganhando, até agora.

Dito isso, tá tudo certo na Bahia. O 44 que elegeu o prefeito de Salvador, o partido de Bolsonaro que virou governo municipal, Geraldo que abre a corrida pra 2026 com 137 mil votos, o PSD de Otto que elegeu a maior bancada e o governo do PT que foi o grande campeão do estado. Ah, e Kleber Rosa deve estar felizão por ter ficado em segundo, também.

Comentários no facebook