Relativamente, dentro de uma margem de erro, o terceiro governo Lula passa ileso pelos primeiros cem dias. Digo relativamente,pois existem muitos pontos a acertar com sua base, ainda incipiente, e com seus ministros, alguns deles desafinando acima ou abaixo do tom dado pelo presidente, que tem engendrado esforços para que o Brasil retorne, de fato, as discussões com outras nações e consigo mesmo. Aos poucos, o governo tenta retomar o diálogo, mas esbarra em seus próprios erros e nas incursões trapalhadas de uma oposição que não se comporta e nem se entende como tal.

São três meses e dez dias onde o governante e seus ministros anunciaram medidas importantes e pontuais para que o Brasil retorne, programaticamente, a um estado de normalidade tais como a volta do “Bolsa-Família”, o retorno do “Minha Casa, Minha Vida”, programas essenciais  para sanar os danos  sociais causados pelo bolsonarismo em quatro anos. Além disso, o arcabouço fiscal, por exemplo, deve resolver a questão do déficit fiscal a longo prazo, visando sanear as contas públicas sem mexer com o bolso dos mais pobres.

Mesmo com estas medidas que visam recolocar o país na rota civilizatória, o governo ainda pisa nas cascas de banana, colocadas pelas questões polêmicas como as invasões de terra, promovidas por membros do MST em terras improdutivas no extremo sul da Bahia. E porque não falar na saia justa causada na ONU pela defesa do governo antidemocrático da Nicarágua? Foram erros causados em uma área onde Lula acertou muito nos seus governos anteriores.

Entre acertos e erros, Lula passou ileso pela imprensa e pelas torcidas da esquerda e da direita. O desafio maior para os próximos dias é superar o clima de polarização que ainda permeia e atravanca o consenso em pautas essenciais como a reforma tributária e outros pontos importantes, que vão além do identitarismo que servem de apoio  a este governo, afinal de contas, o país precisa construir (ou melhor, reconstruir) pontes com a democracia e se inserir nos novos ares e esforços para entregar um Brasil menos danoso no final de 2026.

 

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