Do Brexit ao impedimento de Dilma, da eleição de Bolsonaro a questão do Pix, passando pelas eleições vencidas por Donald Trump e Millei. O que une tudo isso é o fake-news, a arte de mentir por meias verdades. Usada como retórica desde os tempos mais remotos, a mentira por meio de argumentos rasos se mostrou uma estratégia eficiente nas mãos de quem maneja sistemas, exércitos e transitam na política como serpentes prestes a dar o bote certo. Cria terreno fértil na cabeça daqueles que se guiam pelas convicções de um senso comum, fazem vítimas e mata, como vimos nos casos de morte na pandemia de Covid 19.

A realidade de uma sociedade tão virtual, que rola ( e se enrola) nos feeds das redes sociais é guiada pelas mentiras contadas com a finalidade de manter um status quo pautado em ilegalidades, fraudes e esquemas. Das falsas promessas de riqueza, alçadas pelo jogo do tigrinho, as fake-news se tornou a arma nas mãos de quem quer controlar o mundo e instalar o caos para manter a lógica de um capitalismo selvagem. Isso vítima quem precisa de políticas públicas. Recentemente vimos, em um passado não tão distante, a arte de mentir sendo institucionalizada e ganhar espaço nas decisões governamentais, na formação das leis entre outras coisas que nos tornam tão vitimas e tão algozes de nós mesmos.

Uma mentira alçada ao topo de um argumento é capaz de ameaçar o tecido de uma sociedade, tão esgarçado pelo vale tudo que se tornou nossas vidas, devido ao individualismo de uma pós contemporaneidade movida por cliques e likes. Nunca fomos tão ameaçados em nossas existências, da violência física das balas perdidas (e achadas em uma fechada no trânsito) até aquela que usam nossas falas, vozes e corpo para causar crueldades e linchamentos de diversas matizes no espaço virtual.

O caso do suposto pix tachado, repercutido a exaustão pelos influencers e políticos da extrema direita durante os primeiros dias do ano, é a prova viva dessa arma eficiente de controle das mentes. Basta tocar no ponto mais vulnerável, naquilo que é caro no ser que o caos se instala. O assunto tomou conta do nosso cotidiano, dominou narrativas e impôs ao governo um revés tão pior quanto a tentativa de golpe em Brasília. Isso fez o ministro da economia, Fernando Haddad remover a medida provisória que monitorava transações acima dos R$ 5.000,00. E quem ganha com isso?? Aqueles que lucram com sonegações e fraudes ao sistema financeiro, cometem crimes, lesam sob todas as formas em nome da própria mentira e, dessa forma, ela se mostra tão eficiente quanto uma arma de guerra. Para se ter ideia, o número de transações feitas por Pix foram reduzidas em 15%, o menor índice desde a sua implantação. Isso afetou em cheio a vida de quem usa a forma de transação como pagamento nos pequenos negócios, os principais responsáveis pela consolidação deste sistema.

A fake news, enquanto arma de guerra e produto maior da mentira, tem pernas curtas e efeitos devastadores na economia, na política e no bem estar de um povo. Se consolidou como a maior ameaça a espécie humana, mais do que um meio letal. Este é um grande desafio para quem maneja a comunicação de um sistema tão vilipendiado e combalido. A regulação do processo informativo se tornou uma grande montanha a ser escalada, um objeto de desejo para quem almeja controlar uma narrativa que normalize um cotidiano tão ferido pelas ameaças das big techs sobre a nossa capacidade de existir.

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