Há exatos 59 anos, o Brasil mergulharia em uma das páginas mais tenebrosas de sua história. Por influência e chancela de forças estrangeiras dominantes, os militares tomam o poder e dão o golpe em um país marcado pela instabilidade política. Em 31 de março de 1964, a Ditadura Militar inaugurou um tempo de autoritarismo, tirania e repressão em nome da bipolaridade mundial e de um progresso que nos deixou em saldo negativo com a economia e com os direitos sociais.

Por 21 anos, o país viu cinco mandatos militares, dezesseis atos institucionais ( sendo um deles, o AI-5, o mais perverso de todos), uma nova constituição criada, mortos, feridos e desaparecidos nas guerrilhas (urbanas e rurais) e nos aparelhos. O Brasil vivia um estado de guerra civil “disfarçada” contra um inimigo que também reprimia pessoas em solo soviético, o Comunismo.

Na economia, a promessa de um país gigante. Intensificação da multinacionalização das indústrias, um parque industrial robusto, criação de estradas, pontes, barragens, hidrelétricas, estádios de futebol e, ao mesmo tempo, obras faraônicas, questionáveis, como as usinas de Angra 1 e 2, além da Usina de Balbina no coração da selva amazônica. Tudo isso em nome de um progresso que dizimou, matou e retirou terras de índios,quilombolas,ribeirinhos e outras populações que tinham na exploração da terra o seu principal sustento. 

O Milagre Econômico era o sonho de um país que marchava a passos largos no caminho do desenvolvimento, mas se tornou o pesadelo para muitos que foram empurrados para as classes mais baixas da pirâmide. Dessa forma, com a crise do petróleo que atingia em cheio a economia mundial, o Brasil caminhava para o caos social. Com isso, a sujeira das torturas, empurrada para debaixo do tapete, começava a aparecer e o governo perdia força no legislativo e em diversos segmentos da sociedade. 

Entravamos na década de 80 mergulhados em uma inflação estratosférica e com a seguridade social inflada e combalida. A urbanização desenfreada “favelizou” as grandes cidades e aumentou os bolsões de pobreza. Nos Centros Urbanos, de um lado os espigões, de outro os Conjuntos habitacionais, construídos no meio do nada, serviram de bolhas, verdadeiros guetos segregadores e laboratórios para o que seria, mais para frente, territórios dominados pelo tráfico de drogas em alguns casos.

Nunca sentimos tanta falta dos tempos democráticos em momentos tão desoladores. As Diretas Já acelerou o fim do caos institucional, da ordem  a base de baionetas, repressão, tortura e canhões. Enfraquecida, a ditadura abria lenta e gradualmente e como em um acordo, via colégio eleitoral, selava o seu fim. 

Ainda existem os reflexos destes tempos, mesmo com tantas conquistas proporcionadas pela nova fase da nossa república tão imperfeita. A desigualdade social acentuada, que nos rende a má fama mundo afora, é um grande desafio a ser vencido. Temos muito que consertar destes tempos que resistem e persistem por meio dos delírios de uma turba que emerge dos nossos piores pesadelos. Nos últimos quatros  anos, eles comemoraram, agora é hora de lembrar e recuperar o tempo perdido.

Para não esquecer jamais. Viva a democracia!!!

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