É de se lamentar o que foi visto no primeiro debate entre os candidatos á presidência dos Estados Unidos, Donald Trump e Joe Biden na última semana. Durante uma hora e meia, o que se viu foi a verdadeira representação daquilo que o senso comum chama de “Casa de Noca”. Mais do que propostas, os candidatos proporcionaram ao eleitor um festival de insultos e xingamentos. A figura do mediador ficou perdida e os candidatos ditaram o tom confuso e caótico.
No repertório de proposições para um país castigado pela ingerência no combate ao coronavírus e por uma forte crise econômica, as ideias tiveram um papel secundário. Ao seu estilo, Donald Trump, que tenta a reeleição à Casa Branca, se valeu do recurso da interrupção para desestabilizar Biden. Entretanto, o atual presidente, ao tentar tirar o seu oponente do eixo, se excedeu e quis tomar conta do debate, interrompendo também o moderador.
Duelo
Nas vezes em que foi interrompido, Biden revidou, saindo de sua “comunicação elegante” para enfrentar, em iguais condições, o seu adversário. E dessa forma, o democrata explorou os pontos fracos de Trump, atacando-o fortemente nas falhas de sua política sanitária e na falta de uma explicação para os protestos contra o racismo. Biden foi incisivo ao falar da Amazônia e do Brasil, de quem o republicano mantém (por conveniência) um alinhamento, prometendo sanções ao país, caso Bolsonaro não adote posturas contra o desmatamento.
O revide de Trump foi um tiroteio, uma saraivada de provocações, daquelas que nós conhecemos muito bem, Na sua metralhadora giratória, o atual presidente tentou colar no democrata a figura de um homem irresponsável ao propor que ele queria “quebrar” o país. no que diz respeito a adoção de medidas mais duras contra a COVID -19. Ao ser questionado sobre a morte de George Floyd, o atual mandatário, tergiversou e atribuiu aos Antifas e grupos de esquerda, a autoria de alguns ataques terroristas entre outros atos violentos, como de praxe.
De resto, sobraram mentiras, distorções e um candidato com “sangue nos olhos” e nas mãos. Trump tentou, em sua estratégia agressiva, jogar Biden contra as cordas e o democrata, por sua vez, reagiu com a mesma tática. O que sobrou foi a agressividade e a provocação, nada além disso. Foram os piores 90 minutos já vividos e ouvidos. Quem assistiu, sobreviveu.
Nenhum vencedor
Nesse teatro de provocações, no tiroteio que se tornou o primeiro debate presidencial da (até então) “superpotência” do mundo, a população norte americana, tão afetada pela destruição das instituições democráticas, assiste a esta cantilena confusa. Se o debate visto nesta semana der o tom da campanha nos próximos dias, viveremos um cenário caótico que vai definir os próximos quatro anos.
Os dois candidatos não deram uma resposta e nem trouxeram uma proposição e isso diz muito sobre o que estamos vendo atualmente. E o que virá, futuramente, dependendo do que foi produzido, não será tão bom. Vemos, diante dos nossos olhos, um eleitorado carente de propostas para tantos problemas (Sim, existem muitos problemas, que foram agravados nos últimos quatro anos).
Nenhuma proposta,nenhum vencedor no pior debate das eleições americanas para presidente.Que Deus, verdadeiramente, abençoe a América, porque ninguém ganhou e ninguém perdeu. Venceu o Caos.