A posse de Donald Trump, nas últimas semanas de janeiro, deve marcar um novo momento na relação de poder dentro da política americana e, talvez, do mundo. A junção entre os interesses do mercado, aliado aos magnatas da tecnologia, formam um tripé com o setor ideológico e isso demonstra que uma nova oligarquia mundial emerge. Se isso vai ter frutos, em um breve futuro, só dependerá do tempo e de como se dará este processo ao longo do segundo governo do republicano.
Nos últimos dias, o alinhamento de empresas e do mercado a lógica do segundo governo Trump foi evidente quando grandes corporações como a MC Donalds decidiram acabar com seus setores de diversidade e inclusão, o que vitimará empregos e ideias voltadas a inovação. Na outra ponta desta relação, big techs como a Meta decidiram acabar com a checagem de fake-news, seguindo os passos do X de Elon Musk, integrante deste novo mandato. As medidas destas empresas, em todos os setores econômicos, não reforçam apenas um alinhamento qualquer, mas, apenas para sobrevivência, se trata de um mero jogo de interesses, que varia com o sabor dos ventos. Não era para diversificar um quadro de pessoal ou lançar produto (ou serviço) voltados para um público específico, mas uma relação interesseira com o poder vigente.
Dessa forma, vale entender que empresas não têm alma, empresários não possuem empatia ou sensibilidade com a situação do mundo e com os grupos mais vulneráveis das sociedades. O que prevalece são as relações com os números e nada mais do que isso. Donos de grandes empresas se relacionam com o mundo por meio de papéis, quando os índices das bolsas de valores oscilam para cima ou para baixo.
Assim, exemplificamos esse tripé de lealdade que forma o segundo governo de Donald Trump para demonstrar que o poder não se dá apenas pelos anseios do povo, que o exerce por meio do voto, mas também pelos interesses de diversos setores que também, sob outras formas, os exercem de forma decisória. Para além do medo que a figura do ex-outsider exerce, o lucro em cima de uma vale tudo predatório, fruto de um capitalismo selvagem, tão responsável pelas mazelas do mundo.
A adesão de Jeff Bezos, Elon Musk ( aliado de primeira ordem), Marc Zuckenberg a Trump revela não só interesses próprios, mas sim uma onda de alinhamentos anarcocapitalistas que tomam conta da consciência dos radicais de extrema direita, sem regulação ética e econômica. Eles querem interferir na ordem e nas leis dos países, querem empreender sem regras, lucrar sem se importar com as relações de mundo. Não interessa se pessoas estão adoecidas com conteúdos tóxicos, agressivos ou preconceituosos veiculada em suas paginas e sites, pois o engajamento sempre dará altos lucros para o bem das suas empresas. Para um ANCAP empreendedor, um “nerdola” sem escrúpulos, representado nas figuras dos magnatas da informação, o importante são os negócios acima do mundo e o estado que vire pó.
Como o mundo vai andar com essa relação de poder pautada por interesses de dominação?? Na mesma e pior. Enquanto eles lucram com um mundo tóxico e desigual, pessoas morrem ou adoecem. Assim incorporamos o ideal nerd de enriquecer sem medidas, sem sensibilidade e sem limites. Para eles, a partir de agora, o mundo e para a grande maioria, que vive a margem da pobreza, nada.