Da direita para a esquerda, a história da jornalista brasiliense Patrícia Lelis mostra que, independente do espectro político em que você se encontra, estamos suscetíveis a golpes, ilusões e devaneios políticos. A mocinha, atualmente procurada pelo FBI por fraude em um esquema, que ludibriou pessoas na tentativa de conseguir visto para residência nos EUA se passando por advogada, apareceu nas mídias em meados da década passada, em meio a polêmicas envolvendo políticos de direita.
Patty, como podemos chama-la neste texto, apareceu para o cenário político nacional em uma simulação de “namoro” com o filho 03 de Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL – SP), o que gerou uma acusação de calúnia. Para além deste fato, que rendeu ao parlamentar o apelido jocoso de “Bananinha”, a jovem também acusou o deputado Marco Feliciano (PL – SP) de ter cometido abuso sexual, o que foi desmentido em um inquérito que apontou falsidade nas acusações. Comprovada a mentira, o processo contra Feliciano foi arquivado e,por ironia dos fatos, envolvendo a extrema direita tupiniquim, tão especialista na arte de produzir fake news.
Lelis, que foi pega na própria labia pelos figurões reaças, muda de espectro e é acolhida pela esquerda em meio a polarização política que ganhava contornos de guerra nas ruas e nas redes em 2018. Aninhada em berços progressistas, a jornalista se filia ao PT, tira fotos com Lula e outras figuras do campo, se candidata a deputada federal pelo PROS e, no meio disso tudo, protagoniza mais uma coleção de casos que envolve transfobia e feminismo radical. Com isso, Patricia se muda para os Estados Unidos deixando dívidas de campanha,além de levar consigo a prática contumaz de produzir polêmicas. Em 2021, já em solo estadunidense, Lelis afirmou que uma mulher trans havia mostrado o pênis para mulheres e adolescentes em Los Angeles. Tal história rendeu a jornalista uma sindicancia impetrada por três vereadoras que culminou em sua expulsão do PT.
Diante de tantas histórias inventadas para forjar um “American Way of Life” que envolvia uma falsa gravidez, fotos de filhos recém nascidos só vistos em banco de imagens na Internet, marido fake, cobertura em um prédio antigo entre outros rosarios de mentiras produzidas para enganar pessoas que compra suas versões, Patricia Lelis se passava por uma figura perseguida até mesmo nos Estados Unidos, reduto onde boa parte dos imigrantes brasileiros tem ligação com ideias de direita. Desta forma, Lelis conseguia enganar muita gente (inclusive este jornalista que vos fala) nas suas redes sociais, sobretudo no X (antigo Twitter) e no Instagram, onde sempre colocava uma caixinha de perguntas e respostas, comentando sobre o cenário político e expondo pessoas, quando podia.
A moça que ostentava cabelos ruivos flamejantes, de pele alva, que se dizia vegana e supostamente morava em Nova York ( na verdade morava em Arlington) enganou até onde pode. De jornalistas (envolvendo todo tipo de profissional) a religiosos, Patricia engabelou todo mundo,mostrando que a política é também o palco onde a esperteza se encena. É o lugar da ética, do espaço em comum, do exercício da democracia e, ao mesmo tempo, o espaço para pessoas como ela, que surfou nas ondas da direita e pegou carona na militância de esquerda contra o bolsonarismo. Neste sentido, o dito esperto não tem lado político- ideológico, não possui alguma vinculação ética e nem demonstra retidão de caráter e fidelidade ideológica.
Patricia foi capaz de mostrar ao brasileiro, do mediano ao mais simples, que até mesmo o próprio político charlatão (como Eduardo Bolsonaro e Feliciano) pode ser capaz de “comer pilha”, de cair no conto de quem pode ser “mais esperto do que aquele que se diz esperto”. É só estudar os pontos fracos e agir. Assim ela o fez. Foi de um ponto a outro, surfou em todas as ondas, participou da vida politica do país, nos últimos anos, de forma pragmática, sem deixar suspeitas, mas produzindo um arsenal de polêmicas, algo típico de quem conheceu os bastidores de Brasília, dos figurões e dos políticos profissionais que passam pelos corredores das casas legislativas.
As mentiras e histórias fantasiosas que inventava, desde os tempos da faculdade, a levaram para todos os lugares possíveis. A mídia comprou suas versões, deu palco e microfones, o que fez ela angariar muitos seguidores e haters em suas páginas. Agora, a moça ganha o noticiário policial como foragida, procurada por fazer o que sempre fez. Essa é a prova viva que as mentiras podem levar, quem se diz esperto, para qualquer lugar, seja na política, aos Estados Unidos ou, até mesmo, à cadeia. Será esse o ponto final de qualquer aventura mitomaniaca?? Isso só o tempo dirá.