Um estudo do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) apontou que desde 2020 o número de diagnósticos de autismo tem crescido nos Estados Unidos. Ao todo, uma em cada 36 crianças são diagnosticadas com o transtorno. A estatística atual é bem superior à do ano 2000, quando uma em cada 150 crianças recebiam o resultado positivo para TEA.

De acordo com as pesquisas recentes, fatores como maior acesso da população aos serviços de diagnóstico e ampliação da compreensão sobre o que é autismo entre outros pontos foram primordiais para que haja um número tão significativo e, ao mesmo tempo, resulta em um grande desafio para adoção de políticas públicas em diversas áreas, uma vez que, para fins legais, o autista é uma Pessoa Com Deficiência (PCD) seja nos Estados Unidos, no Brasil e no resto do mundo.

No Brasil , a lei 12764 de 2014 assiste a pessoa autista em seus direitos, consoante a Convenção dos Direitos da Pessoa Com Deficiência e a Lei Brasileira de Inclusão (lei 13146) . O desafio maior, para que haja o cumprimento pleno das leis, é o estigma que fica. Para a sociedade, o autismo é muito mais associado à infância e a adolescência, logo as políticas formuladas pelos órgãos públicos visam mais a criança e o adolescente.

Entretanto, crianças e adolescentes autistas crescem, se desenvolvem e ainda precisam das políticas de estado para ter qualidade de vida junto com seus pares, assim como todas as pessoas com qualquer tipo de deficiência. Cabe aos órgãos entenderem que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é para a vida inteira. O indivíduo nasce, cresce e morre autista e por ser uma síndrome é passível de tratamento em todos os graus de desenvolvimento.

Dessa forma, o estado brasileiro e a sociedade precisam compreender que o autista na fase adulta existe e se constitui em um grande desafio para o poder público, no que tange a adoção de políticas públicas em todos os níveis e em todos os lugares, sob o guarda chuva da convenção da ONU ( “Nada sobre nós sem nós”).

Neste caso, é obrigação do poder público proporcionar bem estar, para que a pessoa autista se desenvolva na sociedade, do seu jeito, tendo acesso a moradia, emprego e alimentação, bem como ter os seus direitos de estudar e de ir e vir assegurados por lei. Os números deste grande desafio dizem por si só. Cerca de 85% dos autistas estão desempregados, menos de 0,05% dos estudantes de ensino superior são diagnosticados e os índices de ansiedade e depressão, neste segmento, são de 27% e 42%. Os dados são do IBGE, INEP e órgãos de saúde mental.

Diante desta realidade, cabe ao país levar a sério que existem adultos autistas, que também fazem parte da chamada População Economicamente Ativa (PEA), usam o SUS e tem o mesmo direito de ocupar o mesmo lugar do que uma pessoa dita “neurotipica”. O estado não pode ver o autista como um gasto com a seguridade social, mas sim como um investimento no sentido funcional do que é ser útil para uma sociedade que se transforma a cada geração.

Em meio ao grande número de diagnósticos em crianças, adolescentes e adultos, proporcionar e manter direitos a pessoa autista é obrigação de estado e cabe a sociedade, mais conscientizada e compreensiva, exigir. Isso faz parte da premissa de um mundo em que todos sejam iguais perante a lei.

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