Desde 2020, o mundo sofre os impactos de uma pandemia. Tivemos que nos adaptar ao momento, ressignificando hábitos e comportamentos. Máscaras e álcool gel fizeram ( e fazem) parte da nossa rotina. Perdemos pessoas para a Covid 19 e nos perdemos em nossa saúde mental. Sintomas como estresse, depressão e ansiedade fizeram parte das nossas vidas home office. Para além disso tudo, vivenciamos os problemas que a vida privada escondia em seu submundo, como os suicídios e a violência domestica.

E por falar em saúde mental, o Brasil se destaca. Segundo órgãos ligados a Organização Mundial de Saúde (OMS), os quadros de ansiedade e depressão aumentaram em 25% só no primeiro ano de pandemia. De acordo com um relatório divulgado em março deste ano, o que contribuiu para o aumento no índice foi o estresse causado pelo isolamento social, entre outros pontos como a solidão, o medo de se infectar, além das preocupações financeiras.

As mulheres e os jovens foram os mais afetados. Este segundo grupo, por sua vez, tem mostrado quadros agudos de ansiedade. Nos vários cantos do país, noticias que envolvem adolescentes em crise tem aparecido com maior frequência. Em Recife, por exemplo, um grupo de 26 alunos de uma escola, relataram sintomas típicos de uma pessoa ansiosa como instabilidade emocional, choro excessivo, falta de ar e tremor. Vídeos que foram postados nas redes sociais, no mês de abril, mostraram o momento exato que a crise de ansiedade ocorreu e o atendimento prestado pela SAMU.

No mundo do trabalho, as empresas tem sofrido baixas, entre demissões, afastamentos e licenças, por conta da Síndrome de Burnout, um distúrbio causado por uma sobrecarga emocional e estresse que tem nas condições desgastantes a sua fonte. Em 2019, cerca de 32% dos brasileiros economicamente ativos já sofria com a síndrome. Durante a pandemia, esse numero pulou para 44%, uma legião de cidadãos que sentiu os impactos de um esgotamento profissional. Isso é grave e tem afetado a qualidade de vida e o rendimento na vida profissional. Em meio a tantos casos, a maioria das empresas se veem perdidas na necessidade de mudar o ambiente organizacional.

Diante do quadro apresentado por todos nós, aliado a situação social, politica e econômica vivida pelo país nos últimos anos, é necessário pensar em síndromes como a ansiedade enquanto fenômeno global, mas sim no resultado do cenário de incertezas que o mundo atravessa e que reflete em um comportamento social. Dessa forma, a OMS vem adotando medidas focado no público infantil e reforça que a saúde mental deve ser, cada vez mais, uma política pública prioritária, algo que os nossos governantes tem evitado falar ou sequer tocam no assunto.

Parece que tudo o que falamos sobre saúde mental aconteceu a pouco tempo, mas repercute e reverbera em uma sociedade cansada de tanta pressão, de dar resultado para que outros cresçam mais, fomentando assim em um processo desgastante e desigual. É valido lembrar que, antes mesmo da Covid aterrorizar as nossas perspectivas, a ansiedade e a depressão entre ouras síndromes eram promessas de serem “os males deste século”, mas viraram uma grande pandemia em meio a uma ainda maior.

Entre a linha limite da zona de conforto do passado e da ânsia de futuro um futuro ainda incerto, vivemos as ilusões de um presente que nos atordoa com sobrecargas emocionais e tentativas de não encarar a realidade em meio as “maravilhas” da contemporaneidade.

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