Após a posse no dia 1° de janeiro, a grande maioria dos novos prefeitos, em todo o país, tiveram que encarar um cenário de terra arrasada. Muitos deles encontraram condições assemelhadas a uma situação de devassa do erário público, com postos de saúde trancados, ambulâncias sem bateria, computadores quebrados, almoxarifados vazios, automóveis sem condições de circulação e maquinário em estado de sucateamento. Para além do caos no patrimônio, muitos dos gestores que acabaram de assumir os municipios tiveram que lidar também com o caixa zerado, levando-os a decretarem “estado de emergência”. Em alguns casos, ainda há dificuldades em normalizar serviços por falta de insumos entre outros equipamentos. Dessa forma, alguns dos novos prefeitos tiveram que denunciar as gestões anteriores por crimes da administração pública, o que é previsto dentro da Lei de Improbidade Administrativa em seus artigos 8º,9º e 10º e no decorrer do texto da lei.

Este cenário de caos no patrimônio municipal, que compromete a rede de serviços, para muitos pode parecer um cenário devastador, entretanto é uma prática comum para quem está no final de uma gestão. Este vício, que faz parte da pequena corrupção, infringe a legalidade, a Impessoalidade e a moralidade na condução da coisa pública, pois compromete todo um funcionamento da municipalidade, causando, dessa forma , desvio de finalidade, um prato cheio para os órgãos que fiscalizam as ações de irregularidades como o Ministério Publico.

Além disso, situações como essas revelam o quanto os gestores devem seguir a lei e a necessidade de direcionar os municipios na condução das politicas públicas, sem depender, em sua totalidade, das emendas parlamentares, o que deveria ser aceitável dentro da esfera política. Entretanto, os velhos vícios que norteiam o jogo politico, aliado aos cenários locais, tornam a pratica de terra arrasada ( muito visto nas grandes batalhas) um modus operandi politiqueiro para inviabilizar ações do grupo que está assumindo, algo muito assimilado pelo bolsonarismo na interação com o tal baixo clero.

Infelizmente, a parte afetada dessa querela de 5ª série é a população, que sofre com a falta de remédio nas farmácias populares, postos de saúde sem condições de funcionamento, estradas intrafegáveis e uma rede de serviços totalmente viciada e comprometida. As leis deveriam ser aplicadas de forma severa e com vistas a garantir uma transição segura e que não atinja os serviços oferecidos. Entretanto, no Brasil, quem faz as regras são os donos da bola e não há nenhum interesse em mudar a aplicabilidade legal, o que faz perpetuar, por muito tempo, as práticas de melar a sucessão entre prefeitos e demais governantes.

O que nos resta, desde então, é assistir de camarote as sucessivas brigas na justiça. Aos que tomaram posse no dia 1º, a obrigação é de trabalhar para recuperar os danos causados pelos vícios da politicagem que se arrastam por anos na gestão pública.

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