As urnas no último domingo revelaram, certamente, algumas tendências que deverão ser seguidas em 2022. O eleitorado brasileiro, diante dos últimos acontecimentos, apertou os botões da urna projetando um país pragmático e eficiente, que começa a partir das cidades, onde a vida social começa, com seus problemas e conflitos. Diante de uma crise sanitária, acrescida de uma crise econômica e do caos social que nos afetou durante todo o ano de 2020, o eleitor, que sente a problemática diária, mandou embora o discurso ideológico de 2018 e assumiu uma postura mais pragmática, indicando um caminho que vai dar no centro dos espectros políticos. Desta forma, a exigência está na busca por um Estado eficiente, onde os serviços funcionem pontualmente em todas as áreas de competência do poder público nos municípios.

Quem não entendeu o recado dado nas urnas, vive nos extremos da vida política. O cenário de 2018 desgastou e frustrou o eleitor que apostou na polarização como um meio de dinamizar e potencializar o jogo político, pendendo para os lados. Com o tempo, a paixão e o acirramento deu lugar a um pensamento mais sóbrio, consciente de que o estado deve ser exigido nas questões práticas, pois a ideologia, por si só, não é solução para os males da máquina pública no enfrentamento dos desafios diários.

A política começa nos municípios

Para explicar o pragmatismo do eleitor, que rejeitou de vez o voto ideológico, é preciso colocar uma lupa sobre os problemas locais. E é nas cidades que as pessoas vivem e as coisas acontecem. Então, diretamente, o cidadão vivência certas questões referentes ao saneamento básico, a saúde, a qualidade do transporte público, os recursos aplicados e os projetos ligados a educação e à assistência social. Dessa forma, é possível resumir em eficiência o que foi exigido pelo eleitorado nas urnas e isso vai respingar como tendência para o ano de 2022, dada as devidas proporções do pleito para presidência e estados.

Diante de uma pandemia que afetou a vida nas cidades, aliada a uma crise econômica que atingiu o bolso de quem paga impostos, entre outros boletos acrescidos de encargos, o cidadão viu na sobriedade um item essencial para determinar uma mudança de rumos no jogo político. Além disso, a performance do atual presidente ( assim como o desempenho de seus ministros), negando a situação de calamidade, foi ponto crucial para decidir um voto. E isso influencia diretamente nos municípios, onde as pessoas vivem.

Portanto, a ideologia, tanto a esquerda, quanto a direita, não influencia na eficiência das políticas públicas e , certamente, não determina diretrizes nos gastos e verbas destinadas. Política pública é completamente diferente de política partidária, que segue linhas ideológicas. Dito isto, o cidadão está “se lixando” para as brigas de ideias e fundamentos, mas sim na entrega eficiente dos serviços públicos e isso acontece a partir das cidades, em um plano micro até alcançar uma dimensão maior, a presidência da república.

Visão pragmática

Da visão pragmática, influenciada por fatos, opiniões e atitudes tomadas por políticos na ágora ( concreta e virtual), o centrão emergiu, fora de qualquer amarra ideológica. O Bolsonarismo e o Petismo perderam por colocar, acima da agenda pública, as diferenças e isso afetou, de forma drástica, o desempenho de outros partidos posicionados a direita e a esquerda, descolados desta contenda particular.

O eleitorado, que se viu influenciado pela “mamadeira erótica” e caiu nas carochinhas da fake news em 2016 e 2018, adotou um estilo sóbrio, cauteloso, o que culminou em uma postura prática e exigente. Tirando a alta taxa de abstenção, quem votou o fez com esta consciência, cansada e enganada por aqueles que prometeram uma moralização da máquina pública e entregaram o “mais do mesmo”.

Dessa forma, é necessário compreender o que o eleitor ( e cidadão) exige para os próximos quatro anos nas cidades e, se possível, no estado e no país. E se o poder emana do povo, como diz a nossa carta maior, quem somos nós para poder duvidar. Nesse instante, após a apuração da última urna, se faz útil o convite para a compreensão.

 

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