Nos dias de hoje, ter razão e sustentar uma verdade factual é uma missão, dada a ação de relativizar discursos e teorias na Internet. Antes de entrarmos na grande rede, não haviam verdades relativizadas, melhor dizendo, não tínhamos acessos amplos ao conhecimento. Talvez seja esse o lado negativo de produzir saber, a capacidade de tornar algo provado, factualmente, em uma porção relativizada, um saber particular sem comprovação acadêmica.

A Internet, lamentavelmente, relativizou fatos e saberes, como se o conhecimento fosse algo conveniente para grupos e bolhas. Atualmente qualquer pessoa pode publicar um livro ou escrever textos com suas verdades, como se experiências próprias de vida servissem de base para produzir algum tipo de saber. Refutamos os fatos, a ciência, as pesquisas como se houvesse valor algum e produzimos saberes relativizados, verdadeiras peças de fake news, sem nenhuma comprovação ou tese. Infelizmente, esse mundo de simulacros nos proporciona dizer meias verdades, fatos onde enxertamos “achismos” sobre um determinado assunto, uma vez que a realidade, palpável, não convém.

Distorção de falas e fatos tem se tornado algo comum para quem produz algum tipo de conteudo. Estamos em uma batalha para comprovar o que é óbvio, aquilo que já foi comprovado e é real. Para nós jornalistas, que lidamos com fatos é uma batalha inglória, cansativa, mais exaustiva do que um ambiente de redação de jornal ou site. Para quem vive de ciência,pesquisa e prova teses, ser contestado sem nenhum tipo de comprovação é algo desafiador, que ganha os contornos de defesa do bom senso. Infelizmente, temos sido convocados para uma guerra contra um cenário de anarquia e relativização criados por quem maneja o sistema, as grandes corporações que promovem as tais “verdades relativizadas” com os seus algoritimos,pois é mais fácil vender uma mentira do que apresentar uma verdade. Mentir e iludir faz parte do jogo da internet, essa batalha de conquistar corações e mentes,pois provar o que é real se tornou uma questão de honra, uma guerra sem armas bélicas para garantir o conhecimento com profundidade e comprovação experimental e histórica.

Provar verdades, como a comparação feita pelo presidente Lula no seu discurso para a Cúpula Africana tem sido uma missão, um ato de coragem,pois, no mundo de hoje, muitas pessoas preferem ouvir uma “verdade” que as convém do que aquela que foi comprovada, aconteceu e serve de comparação com uma realidade vivente e dolorosa. Ele disse o óbvio e recorreu a um momento histórico, que se repete por não ter sido algo resolvido pelas mãos do bom senso e da diplomacia. Eu como jornalista, formador de opinião e zelador de verdades factuais, comungo deste senso,pois em terra de fake news, falar o que é real tem se tornado uma missão árdua e corajosa para além do Mito da Caverna de Platão.

 

 

 

 

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