Foi repentino
Mas não surpreendente
O povo assistiu, se assustou
Explicitaram para gente:
A morte está a chegar…
Foi chinês?
Foi morcego?
Tantas origens e especulações
Medo!
Fique em casa: A morte está a chegar…
E em um ímpeto de destreza
As lives, o home office imperaram
Foram para quem?
Uma elite burguesa
Que podia se cuidar, pois a morte está a chegar…
Entre curvas, índices, leitos e máscaras
O brasileiro tentou traçar sua sina:
Ser rebanho, ser ciência ou ser cloroquina
E sem vacina
Há um veredito: a morte está a chegar…
Neste país que não é para aprendizes
Quem diria que o clubismo político
Nos daria venenosas diretrizes
E em meio ao cenário crítico
Não havia dúvidas: a morte está a chegar…
Morre índio que estava isolado
Morre mulher pelo seu príncipe encantado
Morre preto sufocado
E no povo aglomerado, um grito ecoou:
– A morte já chegou!
O vírus se disseminou
Impediu de respirar
E sem poder lhe enterrar
Mais um número findou
Sem defesa, padecem
Sem igualdade, apodrecem
Sem esperança, falecem
E sem sentir,
Ficamos cem – ti.
Ana Cláudia Raposo