Desde o dia 1º de janeiro, estamos vendo um Brasil renascer, sair do obscurantismo pregado pelo Bolsonarismo e abraçar a esperança representada por Lula. Realmente, é um país que renasce e reaparece para o mundo,participando das principais discussões e mediando debates importantes. Até aí, tudo bem, são três meses onde o país respira novos ares, com novos projetos para a população brasileira. Entretanto, como jornalista e profissional que possui visão crítica, não posso ( e nem devo) passar pano para erros deste governo e da militância que o sustenta como um todo.

Muito óbvio que, para além dos acertos ( que são muitos) , os erros existem. Lula ainda não possui uma base coesa nas casas legislativas e está correndo contra o tempo para “acertar o tom” entre os parlamentares aliados, o que alguns de seus ministros ainda não o fizeram, vide o caso do ministro das Comunicações, que utilizou o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para resolver questões particulares sobre cavalos no interior de São Paulo.

Além disso, o governo cometeu uma gafe diplomática na ONU ( Organização das Nações Unidas) ao participar da produção de um texto que criminaliza as ações do governo de Ortega na Nicarágua. O país da América Central, assim como a Venezuela, está mergulhado em uma crise humanitária, onde o presidente emprega uma política de violação de direitos com execuções sumárias, detenções arbitrárias e tortura contra opositores. O texto contou com o apoio de 55 nações como o Chile e a Colômbia, mas não foi apoiado pelo próprio Brasil, que logo corrigiu a postura e recalculou a rota, devido à pressão da opinião pública e da imprensa sobre o assunto.

Diante disso, a militância se divide entre “passar pano” ou fazer críticas pontuais sobre o governo. O mais irritante é a ação da tal “esquerda cirandeira” que, dentro dos rincões do governo ( ou da própria militância e dos movimentos sociais), age de forma irresponsável, sem coesão com todos os fatos. O cirandeiro é aquele tipo de militante tipicamente alienado, que vê no seu umbigo ideológico o motivo de escape para uma realidade paralela e na vaidade das ideias que defende como único motivo de vida,algo muito parecido com o modus operandi dos bolsominions da extrema-direita brasileira.

É essa gente que atrapalha as interlocuções com a maioria dos setores da sociedade e impõe uma pauta de costumes ultra-liberal, onde o “brazola” médio ainda não se situa. Vale lembrar que o Brasil ainda é um país muito conservador quando se trata de assuntos considerados delicados como liberação das drogas e questões que envolvem discussões de gênero e sexualidade, o que requer um debate maduro e consistente com todos os setores da sociedade, inclusive as alas mais conservadoras, que também precisam ser ouvidas dentro do que o próprio estado democratico de direito preconiza.

Desta forma, o novo governo precisa “aparar as arestas”, afinar os discursos de todos os ministros e propor um debate maduro e consiste com TODOS os mais de 210 milhões de brasileiros dentro dos anseios,perspectivas e expectativas criadas na realidade que vivemos. São três meses de um país novo, onde devemos participar ativamente deste processo de mudanças e transformações, o que exigirá renúncia, maturidade e responsabilidade da sociedade, inclusive da tal “esquerda cirandeira”.

 

 

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