No Carnaval deste ano vimos de tudo. Dos acidentes que quase vitimaram os foliões, as chuvas que ocorreram torrencialmente, muito além das coisas que ocorrem com frequência na folia.

Na festa que celebra a alegria exacerbada, a surrealidade veio com força e até mesmo profecias foram lançadas, como foi o caso de Baby do Brasil. A ex de Pepeu Gomes, em uma entrada ao vivo para um programa da Band, fez uma afirmação que nem mesmo o crente mais ardoroso faria: “Todos atentos porque nós entramos em apocalipse. O arrebatamento tem tudo para acontecer entre 5 e 10 anos”. A afirmativa foi rebatida por Ivete Sangalo, que passava com seu trio no momento.

Além de Baby, que se tornou evangélica após o divórcio, Cláudia Leitte também teve seu surto de eclesia ao trocar um verso de Caranguejo, hit da banda Babado Novo gravado em 2004, o que gerou muitas críticas na Internet. A cantora, que atualmente mora nos Estados Unidos, afirmou ser adepta do neopetencostalismo em um podcast.

Casos como o de Baby e o de Cláudia mostram como certos grupos e artistas declarados neopetencostais ainda tratam a folia momesca, mesmo participando da festa por anos a fio. A intolerância, a alienação e a descriminação a todo tipo de manifestação (quer seja de alegria, quer seja algo atribuído as religiões de matriz africana) é algo presente nas bocas dos fiéis mais antigos e de atuais convertidos, que usam de uma hipocrisia barata para refutar algo que já fez na maior festa do mundo. Desta forma, fica claro que “o mundo” não sai do corpo de quem declara amor a um Deus que segrega e pune, dando ultimatos a quem não foi “arrebatado”.

Alguns querem participar dando alento a quem sai dos circuitos cansados e bêbados. Outros distribuem folhinhas com versículos e isso acontece próximos aos portais de entrada e saída, longe do proselitismo “ablubleble” de certas cantoras que já viram um ser extraterrestre em plena orla da capital baiana há alguns atrás.

Diante do cenário de evangelismo barato em uma festa eminentemente profana, fica a lição dada por um ex-cantor gospel que, em um comentário, sintetizou tudo sobre a chatisse e a cafonice expressada por estes grupos: “E o prêmio do povo mais chato da terra (com exceções) vai para: crentes! Na moral, acho que nem Jesus aguenta.”.

 

 

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