Um toba tatuado revelou o podre das negociatas. Por trás dos discursos ignorantes contra as leis de incentivos a cultura, a farra de dinheiro, a mamata entre artistas e políticos corria solta nos rincões deste país. Nada que o cheiro do ralo possa nos revelar.

Por mais simbólico que seja, esse fiofó foi aberto, escancarado e por meio dele descobrimos que nossos impostos bancaram ( e ainda bancam) uma verdadeira ode ao pão e circo. O dinheiro suado, conquistado com o esforço de um trabalho, as vezes precarizado, obtido por um estado altamente burocrático, banca artistas e duplas que cantam dores de traições, chifres que ralam no asfalto, as dores toxicas de um machismo que ainda persiste em se lamentar no alto de um orgulho ferido.

E nessa inversão de prioridades, onde cantar a dor de corno é mais importante do que investir em saúde e educação, investimos indiretamente no fundo (literalmente) dos artistas que ganham a vida retratando e incentivando os vícios de uma sociedade tóxica, que vê no shot de cachaça a solução mais eficaz para “virar a dose” de uma alegria falsa, romantizada em fotos postadas nas redes sociais.

Vamos mais fundo, pois nem as lives solidarias, escondem a hipocrisia de centavos em frente as milhões de vidas afetadas por uma pandemia que ainda persiste e resiste, calcada pela negligencia nossa de cada dia. Bem mais fundo, iremos perceber que o buraco onde colocaram a nossa dignidade financeira fica bem mais embaixo, em um fosso podre sem fundo, que nem um limpa fossa resolve.

Passamos pano, verdadeiros cobertores grossos, para helicópteros plotados que sobrevoam o puxa saquismo cafona, e financiam a construção de casas nababescas com arquitetura de péssimo gosto estético, porque o dinheiro nosso que iria para educar as crianças e remediar os velhinhos, financia o sonho brega de agroboys e sertanejos berinjelas, verdadeiros adônis anabolizados de uma virilidade delirante e caricata.

Pois bem, nos últimos anos, vivemos ares estranhos, onde a prioridade individual é lacrar para se dar bem em cima do outro, cancelar até reduzir. Uma sucia de gente frustrada achou que podia e fez, fez do Brasil chacota mundial, piada internacional, reduzida a bundas e bananas e o resultado está aí. Viramos uma província do planeta, lamentavelmente, a constituição do cú do mundo, onde políticos de caráter duvidoso, influencers e artistas dão as mãos cheias de dinheiro, obtido dos nossos bolsos, surrupiado dos cofres públicos.

Nos iludimos diante das dores que não são nossas e tocam como agua nos streamings da vida. E enquanto isso, a nossa vida continua a mesma, pois falta remédio no posto, falta asfalto na estrada, falta livro na escola e a insegurança nos espera na esquina mais próxima.

E no final das contas tomamos naquele lugar. Quem diria que tudo poderia terminar ( ou começar) em uma bunda tatuada?!

Gustavo Medeiros

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