Minha intenção não é entrar no debate se houve, ou não, injúria racial no jogo Flamengo 4 X 3 Bahia. Já se falou, aliás, se fala, muito a respeito. Quero destacar algumas palavras do jogador Gerson, que se colocou na condição de representante dos negros no Brasil. O jogador brasileiro, na sua maioria esmagadora, ser apático, uma nulidade política, um alienado, só olha para o próprio umbigo, não é novidade. Algum tempo atrás fui, de maneira velada, criticado pelo fato de ter dado nota 10 a Pelé, e 0,00 a Edson, na minha visão um cidadão sempre servil às elites. Esse mesmo cidadão que minimizou as ofensas racistas sofridas pelo goleiro Aranha, em jogo do Santos contra o Grêmio. Ah, sim, e aqui ficamos nós, admirando as atitudes de Lewis Hamilton, dos jogadores de basquete dos EUA, dos atletas de PXG X Basaksehir, e outras mais. Atletas que aproveitam a visibilidade e se posicionam.

Agora, destaco uma fala do jogador Gerson, ao acusar Ramirez de injúria racial: “Tenho vários jogos pelo profissional e nunca vim na imprensa falar nada porque nunca tinha sofrido preconceito, nem sido vítima nenhuma vez”, e completou: “Eu nunca falei nada disso, porque nunca sofri. Mas isso aí eu não aceito”. Para mim, a maior prova de alienação. Quer dizer, enquanto não acontecer (ou acontecesse) com ele, a celebridade Gerson, ele continuaria um verdadeiro idiota. Se bem que para mim ele não “continuaria”, ele continua sendo.  O mundo do esporte discute formas de combater o racismo, e esse cidadão fala, claramente, que se posicionou por que agora foi, “com ele”. Ainda destaco outra frase do jogador: “Hoje tenho status de jogador de futebol e voz ativa para poder falar e dar força às pessoas que sofrem racismo ou outros tipos de preconceito”. Sim, cara, concordo, mas a pergunta que não quer calar: por que essa voz ativa não apareceu antes? Onde estava essa sua voz ativa? Estava muda? Por que só passou a usar o seu “status” de jogador de futebol agora, quando o ofendido, ou pretenso ofendido, foi você? Não existia racismo no Brasil ANTES daquela partida de futebol? E agora você diz que fala por “…todos os negros no mundo”. Pois eu, que não tenho nenhuma procuração, nem pretensão, de falar por ninguém, acho que os negros no mundo dispensam um representante como o jogador Gerson.

 

P.S.: Respeito e admiração por Afonsinho, Ana Maria Moser, Casagrande, Isabel Salgado, Jackie Silva, e outros(as).

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