O Enem, que afeta a vida de milhões de jovens todos os anos, me ensinou muito mais do que fazer uma redação.

É inegável a pressão que sofremos quando saímos direto da escola para vida, aos 17 anos. Estamos um tanto confusos, afinal, o colégio pouco prepara para aquilo que realmente iremos enfrentar.

Eu me senti perdida quando fiz essa prova pela primeira vez. Não por ser a mais difícil do mundo, mas por enxergar nela um objetivo inalcançável. Certamente, essa é a realidade de muitos brasileiros, com um ensino que beira à precariedade, sobretudo, para os estudantes de escola pública.

O Enem evidencia os péssimos índices de aprendizagem do Brasil.

De acordo com o Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), 96% dos alunos da rede pública apresentam deficit em matemática. Entre os estudantes da rede particular essa porcentagem fica em torno dos 39,3%.

Para confirmar a ausência de equiparação no ensino, basta analisar a propaganda divulgada pelo Inep, a qual justifica que o Enem não deve ser adiado, pois todos devem buscar meios de estudar em plena pandemia do COVID-19. Entretanto, um levantamento feito pelo O GLOBO apontou que 6,6 milhões de estudantes não têm acesso à internet.

Nessa perspectiva, é evidente que não há democratização do ensino brasileiro. Desse modo, devemos confiar somente no valor do nosso esforço diário, das horas estudadas, das lágrimas derramadas sobre os livros e da certeza que, apesar desses índices assustadores, é possível alcançar seu sonho.

 

Yasmin Victória é estudante de fonoaudiologia da UNEB

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