Finalmente (ou não), o Governo Federal conseguiu apresentar um nome para Ministro da Educação: o Sr. Milton Ribeiro. Doutor em Educação e Pastor Presbiteriano (não necessariamente nessa ordem), chega em meio a um turbilhão de questões a serem discutidas e resolvidas na área.

Por que grifei Pastor Presbiteriano? Não pelo fato de ser Pastor. Todos temos o direito de seguir o credo que quisermos e professar essa fé. Se ele fosse Budista, católico, espírita, candomblecista ou o que quer que fosse, pra mim não teria a menor diferença. O que me assusta é o que está por trás disso.

Aprendi que toda direção que se dá à educação tem um aspecto político. Mesmo quando se diz que a educação deve ser apolítica, isso tem uma direção política. Sim, é isso mesmo! Quando se define os livros que serão utilizados, qual o projeto pedagógico que será utilizado, se será cívico militar ou não, sempre tem um direcionamento político.

E dessa vez não foi diferente. Primeiro, a ideia era “acarinhar” a ala evangélica ligada ao Governo. Em segundo, colocar no ministério alguém que abrace os ideais de “Deus e Família” que esse grupo que está no governo quer impor ao Brasil. Com isso, vem toda carga excludente. Quando escrevo isso, tento ligar isso a segregação, em todos os campos, em suas formas mais vis.

Mas quem é esse senhor?

Esse Sr. Milton Ribeiro é um senhor absolutamente conservador nas suas entranhas. Tempos atrás, em pregação, o Pastor defendeu o castigo físico como forma dos pais educarem seus filhos. Também disse que as universidades ensinam sexo sem medida. Falou também que condena o casamento de pessoas do mesmo sexo. E, pra finalizar de maneira gloriosa, disse que o homem deve ser o líder da casa, o cabeça da casa.

Com um arcabouço teórico desse nível, fico pensando o que ele pensa de educação. Há muito tempo já se mostrou que castigo físico não tem nenhuma eficácia na educação, apenas levando a medo e temor do agressor e construção de novos agressores no futuro.

As Universidades estão além desse tipo de comentário feito por esse senhor. São centros de excelência em construção do conhecimento e pesquisa, principalmente as públicas.

Condenar o casamento de pessoas do mesmo sexo, é condenar o amor (no entendimento desse reles mortal). Chamar isso de pecado é de uma hipocrisia sem fim. Pecado é roubar, matar, ser miliciano, lançar fake News.

E, por fim, venho de uma família matriarcal. Tive uma avó que foi deixada pelo marido com seis filhos. Criou todos eles de maneira digna (contra todas as expectativas) e todos se transformaram em seres humanos dignos e que lutam pelo que acreditam

Só por isso tudo, já não acharia a indicação dele uma grande ideia. Mas, ele é um nome para se tentar levar a cabo a pecha de “Deus acima de tudo” que esse governo tenta impor, impondo uma segregação religiosa sem fim. O Estado é laico, senhor presidente (olha o minúsculo, rapaz). Não interessa se o cidadão ou cidadã é candomblecista, espírita, católico, evangélico, budista, hinduísta, ou seja lá o que for. Todos temos os mesmos direitos de professar a fé. Mesmo que esse senhor que está presidente da republiqueta das bananas, pense o contrário.

Para além disso, chega de achar que a junção de uma educação confessional com bases militares (ou militar com bases confessionais, se é que isso tem algum fundamento) é a solução para uma educação de qualidade. NÃO É, sr presidente! Educação de qualidade passa por valorização dos profissionais em educação, passa por reformulação das estruturas físicas, reformulação dos currículos (levando em consideração aspectos étnicos raciais, gênero, tecnologias, inclusão, dentre alguns aspectos apenas), alimentação e outras tantas coisas.

Sei que vão dizer que a educação infantil, fundamental e de nível médio é, basicamente, dever de Estados e Municípios. É verdade. Mas, qualquer Governo Federal que se respeite, tenta encabeçar essa discussão, agregando forças e nomes que somem nesse campo, além de apontar caminhos para melhorar e reformular a educação de maneira consistente, transformando a educação e, mais a frente, a realidade social do nosso país.

Infelizmente, não se vê isso nesse governo. E a indicação do Sr. Milton Ribeiro é uma indicação de continuidade dessa falta de diálogo e dessa falta de luz na estrada da educação. Isso seria por ele ser Pastor Presbiteriano? Não! Mas, por ele reproduzir esse modelo que aí está ou transformá-lo em algo ainda pior do que o que se tem, pois deve seguir a cartilha da ala evangélica que é o que se tem de mais conservador, anacrônico e podre na republiqueta das bananas.

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