Essa última semana, foi uma semana de muitas emoções. Passamos a barreira do milhão de infectados, o Queiroz foi “subtraído” do seu refúgio (onde ele não estava há um ano, segundo Wassef), o campeonato carioca retornou, o presidente (continuo com meu problema motor e isso consigo escrever isso em minúsculo) continua com sua diarreia verbal, dentre outros tantos fatos (nem vou falar do centrão. Ou não!).

Mesmo com todo esse ímpeto da realidade para que meu nível de adrenalina aumente, a vida continua. Por isso mesmo, estava ouvindo a diva Maria Bethânia. Ao entoar “Sou o cheiro dos livros desesperados”, percebi como isso é verdadeiro nesse momento. Observo os movimentos de dama (não pode ser de xadrez, a atual trupe governista não tem QI para jogar) que tem sido feitos, os livros – principalmente os de história – devem estar desesperados.

Fala-se em movimentos educacionais (seguir o modelo utilizado pelas escolas militares), econômicos e políticos que foram feitos nas décadas de 1960, 1970 e 1980, como se fossem a salvação e o caminho para nosso país sair da latrina onde tem sido colocado. Apesar de tanto a se discutir, vou me ater à questão educacional que é minha área.

O que de fato interessa?

Desde o começo desse desgoverno, nada tem sido acrescido, mudado ou discutido na área educacional. Pelo menos de forma consistente. O país tem uma série de demandas educacionais como: quais os caminhos para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) para que não acabe? Como melhorar a estrutura das nossas escolas? Quais mudanças são pertinentes no currículo escolar, em todos os níveis? Como dar formação continuada aos nossos professores e aos funcionários das escolas públicas? Como tratar a questão da diversidade em sala de aula? Como deve ser a educação de comunidades que tem demandas bem específicas, como a comunidade Cigana e as comunidades Indígenas? como valorizar os profissionais de educação? Dentre tantas outras questões.

Perceba que toquei em apenas alguns pontos que são alvo de discussão na área da educação. Mesmo assim, essas questões nunca foram levantadas. É verdade que a Educação Infantil, Fundamental e o Ensino Médio são objetivo dos Municípios (Infantil e Fundamental) e Governo Estadual (Fundamental e Médio). Porém, essas discussões devem ser LIDERADAS pelo Governo Federal. Isso quer dizer que serão resolvidas em um governo? Claro que não! Mas, devem ser discutidas e os caminhos devem ser apontados.

O que fazer?

Contudo, esse tipo de discussão é bastante amplo. É um debate que deve levar em consideração, toda a diversidade do nosso povo, das nossas regiões. Deve levar em consideração questões específicas como a questão da comunidade surda, das pessoas cegas, dos cadeirantes, dos autistas, das pessoas com altas habilidades. Deve-se levar em questão o esporte, os diversos credos e religiões (afinal, nosso país é laico e deve se comportar como tal, definitivamente).

Por tudo isso, o debate deve envolver educadores, religiosos, gestores educacionais dos mais diversos níveis, pais. Enfim, deve reunir toda a sociedade civil para reunir todos os questionamentos e visões possíveis, no intuito de se criar uma forma educacional tipicamente brasileiro, levando em consideração nossos problemas e nosso povo.

A triste realidade

Porém, nada disso sequer foi pensado. Tivemos o pior ministro da educação (também em minúsculo, não tem como ser diferente) da nossa história. E, mesmo assim, com todo trabalho pífio dele, ele foi beneficiado com um lugar no Banco Mundial, com um belíssimo salário. Ou seja, nesse governo não importa o trabalho realizado. Não importa se foi feito de maneira competente. O que importa é que a criatura seja amigo do Rei. Afinal, aos amigos tudo. Aos inimigos, a força da lei!

Com a saída desse senhor da pasta da educação, as luzes não se acenderam não. O principal nome cogitado, o senhor Carlos Nadalim, enxerga educação como se enxergava 50 anos atrás. Porém, a educação é dinâmica. A vida é dinâmica!

Existem outros nomes, ainda com o apetite do centrão e com a tentativa do Bolsonero de criar números no Congresso para se manter no cargo. Independente de quem seja, será alguém absolutamente alinhado ao presidente e as suas ideias: retrocesso, dar uma banana ao Estado laico e outra à diversidade, desrespeitando as comunidades indígenas, cigana e os movimentos negros, desrespeito absoluto às nossas matas e nossos rios, nenhuma preocupação com o movimento LGBTI+, nenhuma preocupação com a Educação de Jovens e Adultos e ao acesso à internet gratuita e aos movimentos digitais que vem acontecendo, nenhum respeito e discussão sobre respeito às mulheres, dentre tantas coisas mais.

e o cheiro dos livros…

Infelizmente, a solidificação de um governo com o viés do que está nesse momento no nosso país, passa pela destruição e elitização do sistema educacional. É verdade que a educação é responsabilidade de municípios e estados também. Prefeitos e Governadores também devem se manifestar e abrir discussões com a sociedade civil, professores, gestores e instituições diversas. E também não se vê muita vontade desses também. Mas, continuo afirmando que o Governo Federal deveria encabeçar essa discussão e buscar caminhos para uma educação de qualidade, com valorização de profissionais, uma formação continuada consistente, melhoria na estrutura e nos recursos utilizados e com um projeto de educação que pense o Brasil na sua forma diversa, seja na sua forma econômica, religiosa, cultural, social e étnico-racial. Porém, nesse momento, continuo sentindo o cheiro dos livros ainda mais desesperados!

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